Uma análise da série Peaky Blinders
Ambientada na conturbada inglaterra do Rei George, em meio a explosões de agitadores que comandam a massa durante a revolução industrial em período pós guerra, a série coloca no papel principal um gângster sem absoluto respeito às leis, porém com princípios e regras. Consegue apresentar a situação nua e crua da iminencia da revolução do proletariado em meio ao clima de corrupção latente, omissão, luxúria, inveja, corrida por ascenção ao poder em uma briga por território físico e intelectual carregada de lições de economia e história.

Apresenta raças e ideologias postas umas contra as outras e ao mesmo tempo lado a lado, mostrando como na realidade funcionam as coisas, sem glamourizar o horror do comunismo ou a bandidolatria.

Ciganos, judeus, italianos, ingleses, russos, americanos... republicanos, monarquistas, estatistas, anarquistas... e em meio a tudo isso comunistas, feministas, viciados inveterados, corruptos natos, cristãos...

É uma mistura inebriante do real com a ficção trazendo nos mais simples diálogos profundas análises morais e políticas, sem perder a pegada sangrenta da ação, o suspense, o drama familiar onde intensamente o espectador se vê bombardeado pela dualidade do certo pelo certo ou torcer pelo bandido pelo bem da família.

Diferente de obras antecessoras não trás uma abordagem simplista com a tentativa de mostrar um lado, mas sim reforça os ideais prévios de quem assiste.

Para quem busca algo novo no passado, que não tenha medo de trilhar o campo intelectual junto ao convidativo cenário europeu no clássico clima de violência entre gangues, a série e recomendadíssima. Se, no entanto, tem tendências politicamente corretas, então tenha receio do estupro mental que ela pode te causar.
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