O Suicídio, uma visão cristã de um especialista em desaparecimento de pessoas.
Nós humanos precisamos de três coisas para nos completar em nossa existência aqui neste mundo e isto independe de convicção religiosa. Estas coisas nada mais são do que alimentos a cada plano de nosso ser. Explico:

Entendo que somos compostos por 3 faces, como 3 indivíduos em um. São elas o corpo material, o espírito e a alma. Bem, não é necessário discorrer sobre o corpo, é de fácil entendimento que me refiro a nosso ser físico, visível, de carne e osso. Por espírito, compreendo uma parte de nós imaterial, que entendemos por estados momentâneos e alteráveis, como alegria, tristeza, confiança, desânimo, etc. Alguns atribuem estes sentimentos a áreas específicas do cérebro físico e quanto a isso não discuto, apenas separo entre corpo material e imaterial, que entendo por um estado mutável, ou espírito. Já por alma, compreendo que além do espírito, que é alterado com certa facilidade, ao ouvir uma música por exemplo (a música tem a capacidade de alterar nosso estado de espírito, por isso são empregadas desde instruções militares a cultos religiosos), existe algo mais no nosso âmago, a definição individual de cada ser humano, imutável, em uma profundidade incompreensível à nossa mente limitada ao plano físico.

Para alimento do corpo físico, bastam os obtidos no mundo animal e vegetal. Simples de conseguir, fácil de agradar e saciar até aos mais rebuscados paladares. Alimentar o espírito já exige um nível de complexidade maior. O alimento da carne não serve. A música ajuda, o ambiente influencia, o contato humano e animal também, a exposição ao estresse físico e mental é inversamente proporcional à substância do espírito. É um conjunto de fatores, que nos traz a sensação de satisfação, bem representada pela célebre suposição “paz de espírito”. A grande chave reside no alimento da alma. Existem aqueles que tem tudo o que um homem é capaz de desejar. Ótima condição financeira, família agradável, com muito amor em um ambiente de paz, boas músicas, excelentes companhias, momentos perfeitamente prazerosos ao espírito. Mas sentem que falta algo. Este algo, incompreensível aqueles que não admitem a existência do Divino, é o alimento à alma.

Como Cristão (por definição, o Cristão acredita no Verbo feito carne, na materialização do próprio Deus no homem Jesus Cristo, bem como em todo seu sacrifício vivo, em céu e inferno e tenta imitar a vida exemplar de Cristo), entendo que a alma, por definição bíblica, estava com o Criador no plano imaterial, e nos é enviada no momento em que somos gerados no útero da mulher (razão mais forte para ser contra o aborto, pois entendemos que a vida é existente na concepção, conforme confirmações bíblicas que Deus nos conhece do ventre de nossa mãe), sendo assim, ela não pode alimentar-se do que é material, ou mesmo da mesma sorte de coisa que alimenta o espírito, por ser ainda superior ao espírito, podendo ser alimentada somente pelo próprio Criador por meio de sua presença. Daí vem a necessidade humana de ter comunhão com o Divino, por meio de culto, liturgia, batismo, oração, etc.

Como pesquisador, muito tem me intrigado o fator motivador do desaparecimento de pessoas, objeto de meu estudo a pelo menos dois anos. Tenho observado e registrado fatores comuns entre as vítimas, principalmente as encontradas sem vida, relatados pelos familiares. São estes o distanciamento familiar, a permanência em redes sociais, a falta de contato físico, o hábito de ouvir músicas clichês do momento, a percepção de que algo está faltando para completar a felicidade e o sentido da vida. Estas pessoas, são frequentemente atormentadas com a ideia do suicídio ou simplesmente adotam a bandeira de viver cada dia ao máximo e isso inclui formas ilícitas de satisfação pessoal, levando por exemplo à compulsão de ter relações físicas com um desconhecido ou fazer uso de substâncias entorpecentes.

Nota-se que falta alimento de qualidade ao espírito, e praticamente total alimento à alma. Pessoas tidas como virtuosas, que praticam algum instrumento musical, tem habito de leitura e menos contato com o mundo virtual, são infinitamente menos expostas a ideia de pôr fim a própria vida. Se, além destes fatores, ainda tem um objetivo além do terreno, ou seja, uma compreensão de vida Cristã, tende a regrar e impor limites pessoais, sendo ainda mais raro os arroubos do Carpe Diem.

Certo é que, quanto mais íntima a comunhão entre a família e o Criador, menos a chance do desaparecimento espontâneo, por vontade própria.

Uma matéria produzida pela revista Aleteia apresenta dados interessantíssimos do Império do Japão: de 1998 a 2010, a taxa de suicídios no país foi de 30.000 pessoas por ano. Deste número assombroso, cerca de 60% se deve à depressão e problemas físicos como doenças enquanto 20% apontam para dificuldades financeiras. Interessante que quando o país passou por uma tragédia de grandes proporções, com o tsunami de 2011, os números passaram a cair. Isso nos leva a uma importante reflexão: o contato humano que se deu após a tragédia foi muito maior. Pessoas que nem se conheciam, vizinhos que sabiam da existência do outro por meio de redes sociais, passaram a se cumprimentar, a unir esforços para ajudar com alimentos, roupas, medicamentos e portanto, passaram a se conversar pessoalmente.

Uma análise foi desenvolvida pelo prelado japonês, concluindo que a sociedade nipônica focou no desenvolvimento material e ignorou o desenvolvimento espiritual. Em suma, relegou ao segundo plano o significado de sua existência. Esse vazio de alma e a ausência de sentido existencial conduz fatalmente à depressão e se não tratado ao desaparecimento podendo levar ao suicídio.

No Brasil, este tipo de informação não se encontra muito por aí, em razão da enorme luta pela secularização da ciência. A questão é que precisamos cuidar do alimento espiritual e do sentido existencial de nosso ser. Nossas crianças crescem sem esta noção, e são expostas ao ensino com valores invertidos, sobre isso já discorri em outros artigos. Precisamos ser menos digitais e mais físicos. Mais nós mesmos, com contato humano.

Deixo o leitor com a reflexão, até a próxima!
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